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A noite do abajur lilás

Uma revolta. Um motim. Uma sublevação em peso. Minha turma do Grupo  de leitura de Grande sertão: veredas decidiu que não iria à aula. Iríamos e fomos assistir à leitura da peça Abajur Lilás, de Plínio Marcos. É parte do ciclo Em cena, sem censura, que apresenta peças censuradas durante a ditadura. Plínio Marcos, com sua linguagem desabrida retratando o cotidiano dos “ferrados”, teve todas as suas peças censuradas. Abajur Lilás foi uma delas e se passa totalmente dentro de uma casa de tolerância, de propriedade de um homossexual, que explora o trabalho de três meninas. O conflito e a tensão existem do início ao fim, bastante trágico, por sinal. Embora fosse uma leitura e não uma encenação, a qualidade dos atores fez com que nem reparássemos nisso. A peça demonstra que o pior tipo de exploração é quando o próprio oprimido oprime aquele que está na mesma posição que ele, reverberando a estrutura desigual e injusta.

Em seguida os atores contaram casos da censura de ontem e relataram o que está acontecendo hoje, em que espetáculos estão sendo suspensos e outros submetidos a uma censura prévia, embutida na possibilidade de usar recursos públicos. Isso já acontece, por exemplo, no CCBB.

No debate, chamei a atenção para o fato de que teatro e democracia nascem de mãos dadas na Grécia. E mais, somente o teatro, com uma estrutura mais leve e ágil, está preparado para uma guerrilha contra o obscurantismo. O cinema, por exemplo, é mais pesado, depende de financiamentos de grande porte.

Porque a guerra já começou.

Na próxima 2a. feira:

18 de novembro | PAPA HIGHIRTE  – de Oduvaldo Vianna Filho

Direção de Ernesto Piccolo

Com Tonico Pereira, Antonio Pitanga, Bete Mendes, Luciana Sérvulo Da Cunha, Ricardo Kosovski , Orlando Caldeira, Digão e Diogo Nunes

segunda | 19h30 | gratuito  

Midrash, Rua General Venâncio Flores, 184