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A vingança da Casa Grande

A VINGANÇA DA CASA-GRANDE

Tão pensando o que? Meu nome é Pimenta da Cunha, sou d-o-u-t-o-r, advogado dos bons, meus clientes são empresas top de linha. Esses neguinhos sem eira nem beira entrando na faculdade sem precisar estudar, vai ser assim? Essas crioulinhas de bunda grande estudando sociologia e falando de luta de classes? Deviam estar com a barriga colada no tanque ou então fazendo um feijãozinho bem temperado. Mas o Escola Sem Partido vem aí e vai acabar com essa festa. Vamos meter esses esquerdinhas de merda na cadeia. Ei, Marx, vai tomar no cu. Outra coisa que a gente vai resolver: essa porra de LGBTT, sei lá o que. É um bando de bichonas querendo o direito de casar, ter filhos, andar de mãos dadas na rua, o escambau. Homofobia é a puta que os pariu. Até a palavra é frescura. Homem é homem, mulher é mulher. Tá na Bíblia, basta saber ler. E os índios? Reserva? Reserva é o caralho. Em pleno século XXI, donde já se viu isso. Nem Tupi, nem Guarani, nem nada disso aí. Tem é que colocar boi pra pastar. E soja. Só o agronegócio funciona nessa merda de Brasil. Agora até empregada doméstica tem direitos, vê se pode… Querem que funk seja considerado música, macumba religião e preto gente. Mas o Michel já está ajeitando isso e assim que terminar o mandato tampão dele, aí sim, vem o Bolsonaro passar o rodo em tudo isso que não presta. Vocês vão ver.

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P.S: Obviamente este é um texto de “ficção˜, altamente irônico. Uma ironia trágica e tristemente baseada na realidade do Brasil de hoje, mas, mesmo assim, ironia.