/AS AVENTURAS DA Dra. Eu Ka Liptus – 16. Um Cancrus inov-a-dor e suas invenções incomparáveis

AS AVENTURAS DA Dra. Eu Ka Liptus – 16. Um Cancrus inov-a-dor e suas invenções incomparáveis

  1. Um Cancrus inov-a-dor e suas invenções incomparáveis

    O Cancrus universotário do UmDiaNãoVouMaisLá era original e criativo se comparado ao Lonjão e a outros cancrus menos cotados. Onde mais você encontraria 19 agências bancárias e nenhum café de verdade? Era obviamente o fruto de toda uma nova visão das necessidades dos alunos e alunas de chateação e pós-chateação. Tomar um café e conversar,nem pensar. Para o desenvolvimento intelectual era mais importante tirar um extrato, checar o saldo da sua bolsinha e, se fosse o caso, sacar um dinheirinho.

    Mas isso é muito pouco, mal começamos a descrever lugar tão inov-a-dor. Vejam só a questão dos broncos, por exemplo. Quando o Cancrus foi construído, fizeram-se os broncos D, E, N e O (que os detratores chamavam de zero). Depois de matutar longamente, pensando se não fora algum problema de alfabetização na infância por parte das autoridades universotárias, finalmente alcancei a chave do mistério. Se o improvável leitor ou leitora brincar um pouco com as letras, terá a palavra O-N-D-E. Afinal, ONDE já se viu broncos de prédios mais feios do que aqueles? Roubar um pedação de mar ao Oceano Atlântico para depois fazer aquilo, aquelas caixas, aqueles caixotões verticais? Poseidon, também chamado de Netuno pelos romanos, não deveria estar muito contente, sem falar no restante do Olimpo, sempre a favor da beleza.Esses deuses gregos tinham um senso estético apuradíssimo, ao contrário dos arquitetos da UFFa.

    Se ao menos os broncos funcionassem… mas isso seria por demais óbvio e a UFFa era uma perversidade inov-a-dora por excelência. Elevadores ameaçavam cair e quebravam a toda a hora, trazendo muito mais emoção para a vida universotária e estimulando essa turminha a fazer algum exercício de verdade. Ajudando os esforços ecológicos, vira e mexe faltava água. Menos frequentemente também faltava luz, mas isso ninguém notava porque os alunos estavam sempre checando seus celulares. O planej-a-dor-dos-outros do cancrus era uma mente deveras sutil. Não havia um só caminho em linha reta. Decerto para ajudar o pessoal a caminhar direito após a choppada, era tudo em formato zigue-zague. A reta pode ser o menor caminho entre dois pontos para mim e para você, mas nós somos reles mortais comedores de pão. Na terra dos PhDeuses tudo é diferente.

    No mundo todo, por exemplo, há a tradição brega e ultrapassada de ver o cancrus universotário como um local de encontros e trocas, um espaço democrático por excelência. Que coisa mais demodée, não é mesmo? Logo um dos genius do departaminto de sexologia da UFFa, o professor Léo Adorauma Briguinha, bolou um plano genial. Debaixo da sua modéstia ele negava ser o mentor de medida tão libertadora, mas todos sabem que uma ideia assim só poderia vir daquela mente brilhante. Celas de aula passavam a ficar trancadas a chave e bem guardadas por uma polícia especial 24 horas por dia, armada de cacetetes de maçaranduba (dói bem mais, por isso é chamada de madeira de lei). Finalmente a UFFa mostrava ao mundo seu valor.

    Infelizmente, o mundo não está preparado para o novo. A UFFa, segundo o último ranking, estava na rabeira entre as perversidades brasileiras, que já não são tão conhecidas assim pela sua excelência (deve ser por isso que vivem obcecadas pela palavra). Nossa querida UFFa estava segurando a lanterninha entre as universidades fuderais do Rio de Festeiro. O que vai ser bem útil quando faltar a luz novamente…

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OBSERVAÇÃO: Esta é uma obra FICCIONAL, inspirada em processos realmente existentes, mas não em pessoas. Semelhanças com pessoas reais são apenas coincidência, sem dúvida fruto da frequência com que determinadas coisas ocorrem nos ambientes retratados.