Dizem que se conselho fosse bom, não seria dado e sim vendido. Talvez fosse bom, para a gente dar o real valor que alguns deles têm. Só fui entender os melhores conselhos que recebi na vida depois de ficar um bom tempo fazendo exatamente o contrário. Foi só aí que lembrei das sábias palavras que haviam tentado me levar para o bom caminho. Alguns desses conselhos foram e são extremamente inspiradores. Vou compartilhá-los com vocês:
Número 1: Vó Isaura era órfã e trabalhou a vida toda, desde criança até os 80 anos. Era amada por mim, incondicionalmente, pela bondade que dela emanava. Vovó mal sabia ler e escrever e passava as tardes de domingo vendo Silvio Santos. Um dia, quando eu era adolescente, perguntei a ela se não tinha vontade de viajar. Ela olhou para mim sem se abalar e com toda a calma me disse:
– Para que, meu neto? As pessoas são iguais em toda a parte.
Número 2: Mamãe ficava se mordendo mas evitava dar palpite na minha vida amorosa. Mas não conseguiu evitar o aviso:
– Olha, meu filho, escolhe quem você quiser. Mas não se engane: ninguém muda ninguém. Se a pessoa quiser pode até mudar. Mas você não vai conseguir mudar ninguém.
Número 3: O vendedor da loja de pesca que me atendeu ficou muito surpreso e até revoltado quando eu disse a ele que estava comprando a vara e os outros materiais só porque meus alunos haviam me convidado para pescar, mas que para mim o mais importante era acompanha-los, não me preocupava em pegar peixe algum. Ele era um senhor muito sério, que arregalou os olhos e mandou ver:
– Não diga isso. O senhor está completamente enganado. Por acaso sabe quais são as três melhores coisas da vida?
– Não.
– Pois é. A primeira é pescar pescando. Pescar para realmente voltar para casa com peixe. A segunda é comer bebendo. Comer é bom, mas às vezes não podemos beber por algum motivo.
– E a terceira?
– Fuder beijando.
Ou seja, fazer amor com amor, traduzo eu.
Número 4: Mestre Ivan de capoeira angola, um sábio baiano de um só olho, com pouco estudo e muita lucidez. Voltando com ele de uma viagem a Itaparica, eu estava na maior alegria e confundi isso com felicidade, dizendo a ele que estava feliz. Mestre Ivan olhou para mim com o rabo de só um olho, maroto que ele só e me corrigiu:
– Felicidade, meu amigo? Felicidade vem é depois…
Como a gente vai saber? Há coisas boas que depois nos fazem mal e coisas más que depois nos fazem bem…
Número 5 e Número 6: Papai jogava basquete. Adorava. E acho que ele me disse umas mil vezes que era importante passar despistando, olhando para o outro lado. E ele fazia isso com a gente, dando conselhos de forma disfarçada, sem chamar muita atenção. O primeiro ele disse só uma vez:
– Filho, quando quiser e puder fazer alguma coisa, faça, porque tudo muda o tempo todo, ainda mais no Brasil.
Nem é preciso falar nisso no meio da quarentena, não é…
O outro ele dava cantando a música de Paulo Vanzolini, aquela que diz:
– Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.
Nem dá pra contar quantas vezes precisei cantar essa música…
Número 7: O conselho do qual eu mais gosto, o que eu mais tenho seguido foi dado por John Lennon:
“Vida é aquilo que te acontece enquanto você está ocupado fazendo planos.”
Ou então lendo postagens bobas no Facebook…