/HISTÓRIAS DO SAMBA – 67. Nobreza de azul e branco

HISTÓRIAS DO SAMBA – 67. Nobreza de azul e branco

  1. Nobreza de azul e branco

A Velha Guarda da Portela é uma espécie de Associação Brasileira de Letras do samba. Ou melhor, é muito mais do que isso, pois como diz mestre Candeia em Testamento de Partideiro: “o sambista não precisa ser membro da Academia, ao ser natural em sua poesia o povo lhe faz imortal.”

Não existe grupo mais tradicional e mais respeitado no mundo do samba. Todos destacam a elegância espelhada nos impecáveis trajes em azul e branco e a educação refinada dos seus componentes. Seguindo os passos de Paulo da Portela, a Velha Guarda preza a disciplina. Para Seu Guaracy (violão), “Todos os portelenses são finos. Na Portela não há brigas.” Casquinha lembra que até “os valentões do bairro eram ordeiros dentro da escola”. É quase um comportamento aristocrático, no sentido original, derivado do grego aristoi (se pronuncia áristoi), que significa “os melhores”.

Mesmo seus admiradores admitem que o pessoal da Velha Guarda da Portela não se abre facilmente. Mas depois que são conquistados, são amigos de verdade. Independentemente de escola, são solidários: certa vez, quando Martinho da Vila atravessava uma séria crise, ajudaram a recolher sambas-enredo para ele e convocaram sambistas de outras escolas para tomarem parte no projeto.

Os que já tiveram a felicidade de recebê-los em sua casa testemunham seu comportamento distinto. Sequer usam o banheiro sem pedirem licença ao dono da casa. É uma nobreza de sangue azul e branco.