/MIRE E VEJA – A LIBERDADE GUIANDO O POVO (1830) – Eugéne Delacroix (1798-1863)

MIRE E VEJA – A LIBERDADE GUIANDO O POVO (1830) – Eugéne Delacroix (1798-1863)

MIRE E VEJA

A LIBERDADE GUIANDO O POVO (1830) , Eugéne Delacroix (1798-1863)

Óleo sobre tela, 260 x 325 cm, Museu do Louvre (Paris)

Delacroix foi um pintor romântico, muito interessado em pintar cenas de obras literárias (adorava Goethe) e carregadas de exotismo, como os vários quadros de temática oriental que fez, baseados inclusive numa viagem que fez ao Marrocos e à Argélia.

Seu amigo, o escritor Charles Baudelaire, o define assim: “Uma grande paixão, sustentada por um desejo formidável, esse era Delacroix. A seus olhos, a imaginação era o dom mais precioso, a faculdade mais importante.”

Em 1830, no calor dos acontecimentos, ele pinta este quadro de grandes dimensões que lhe valerá a Legião de Honra. Ele se baseia nos seguintes fatos. Em 1830 o rei Carlos X resolve dissolver o parlamento, por ele considerado excessivamente liberal, e governar por decreto. Abole os direitos civis, anuncia a censura da imprensa e a implementação de um novo sistema eleitoral que garantiria e eleição de uma assembléia mais favorável ao rei. Em meio ao verão, sem que os novos parlamentares ainda tivessem se reunido, parecia um golpe perfeito e o prefeito de Paris garante ao rei que Paris aceitaria sem problemas a nova ordem. Não foi o que aconteceu. Logo se formaram barricadas onde 7 a 8 mil pessoas, de todas as classes sociais, lutaram contra as tropas do rei durante três dias, que depois foram chamados dos “três dias gloriosos”. Carlos X é obrigado a abdicar em favor de seu primo, Luís-Filipe, Duque de Orleãs. Esta revolta popular vitoriosa foi celebrada em um monumento (uma coluna), numa sinfonia de Berlioz e neste quadro de Delacroix.

Na tela de Delacroix, a Liberdade, de seios nus, empunha a bandeira francesa na mão direita e conclama os cidadãos à luta em meio a uma nuvem de fumaça proveniente do combate. À sua esquerda, um menino maltrapilho, tão típico da época, tem uma pistola em cada mão. Também estão representados o burguês, de cartola, um trabalhador (talvez um gráfico) empunhando um sabre e um estudante da Escola Politécnica com seu bonezinho. Simbolicamente, o artista celebra a união de todos em defesa da liberdade.