/OS SETE SEGREDOS DE FLORA – Capítulo 42: TOALHA AMARELA

OS SETE SEGREDOS DE FLORA – Capítulo 42: TOALHA AMARELA

OS SETE SEGREDOS DE FLORA

Capítulo 42: TOALHA AMARELA

Ainda bem que o Bola estava lá. Na véspera do dia onze foi até a casa de Pedro tentar distrair o amigo. Tinha até pesquisado o número na Internet e descoberto que para a Cabala o onze está relacionado à intuição e à sensibilidade. Por um azar, Pedro estava procurando um lápis e acabou abrindo uma gaveta da mesa de madeira. Lá havia inúmeros bilhetinhos de Flora, escritos naqueles papéis pequenos para recados, de diversas cores. Era a única coisa que ela escrevia à mão. Ela gostava de espalhá-los pela casa. Eram sempre mensagens de amor. Nada de “Não se esqueça de pagar a conta de luz” e sim “Com você descobri o que é o amor entre um homem e uma mulher” ou então: “Casa comigo? Diz que sim!”. Pedro desabou e estava com um papel em cada mão quando Bola entrou em ação para apagar o incêndio, ou melhor, a enchente porque Pedro chorava feito um guri:

— Para com isso, Pedro, já falei pra você guardar tudo, no momento isso é um sofrimento desnecessário. Se concentra em encontrar a Flora novamente, isso é que importa.

— Tinha esquecido, Bola, cada dia é uma coisa. Ontem fui colocar a roupa para lavar e encontrei a toalha amarela. Não sei quantas vezes eu sonhei que ela saía do banho enrolada nessa toalha e me dizia que não tinha ido embora, estava somente tomando uma ducha. O que havia por detrás da toalha era o meu paraíso. Virei um cão farejador de aeroporto, cheirei cada centímetro do tecido. Mas o perfume dela sumiu, Bola, desapareceu

— Calma aí, meu amigo. Não é hora de pirar. Estamos a um dia da revelação do último segredo. Sabe o que isso significa? A Flora vai voltar de toalha amarela, sem toalha amarela, toda cheirosa, só pra você. Vai ser ainda melhor do que antes. Mas tem que segurar um pouco esse desespero. Talvez o último segredo seja o mais difícil da gente encontrar. As surpresas têm sido muitas, é bom estar preparado.

Felizmente, à noite a televisão ia transmitir um jogo. Todo o sentido do futebol é não ter sentido algum. Bons alvinegros, eram supersticiosos e sentavam-se nos mesmos lugares. Flora, no canto direito do sofá. Pedro não precisava fazer força para vê-la ali com a camisa do Botafogo.