/PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR? Capítulo 03: RADINHO

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR? Capítulo 03: RADINHO

PEDRO E FLORA: UMA HISTÓRIA DE AMOR?

Capítulo 3: RADINHO

Teve vontade de quebrar o celular e sua estúpida mensagem. Sete o que? Sete anões, sete dias da semana, sete anos de azar, sete pragas do Egito, uma brincadeira de mau gosto. Era algo relacionado a eles dois? O sétimo mês? Nada, tinham se conhecido em março e não fora no dia sete. Quantas vezes ele a beijara onze vezes para dar sorte, começando nos pés… Sem falar que todo dia onze comemoravam, iam a um restaurante ou faziam algo especial. Se caía em um fim de semana conheciam uma nova trilha ou viajavam para uma cidade pequena, Flora amava.

Viviam repassando o dia, a hora, o momento e a situação em que se conheceram. Em um lugar absurdo. Ou haveria algo mais improvável do que terem se encontrado em um jogo do Botafogo em Volta Redonda? Chovia. E o pior é que o Fogão começou perdendo. Pedro tinha ido com seu amigo do peito e fiel escudeiro de aventuras alvinegras, Mauricio. Quando se posicionaram na arquibancada, notou a moça de formas arredondadas, pele alva e lindos cabelos pretos cacheados. Olhos negros, acesos. Os pés gordinhos nus na sandália de couro. E como xingava a danada, brandindo seu rádio de pilha feito um tacape, distribuindo impropérios para o time todo, do goleiro ao ponta-esquerda. Também, pudera, perder para o Voltaço afastava o Fogão da semifinal. O salvador gol de empate veio ainda no primeiro tempo. Pedro dizia que fora o gol mais importante da vida dele, bendito Igor Rabello.

Nessa hora, tomada pela euforia, Flora acabou desferindo um potente golpe de radinho na cabeça do moço da frente. O destino se manifesta de forma desajeitada. Depois foi aquilo: mil desculpas, você se machucou, caramba, sou uma bruta mesmo. Cometeu o erro de pegar nas mãos dele. Ali as placas tectônicas da paixão começaram a se mover com força. Mauricio saiu de fininho para buscar uma cerveja e deixar os dois sozinhos com as nove mil duzentas e trinta e sete pessoas presentes no Raulino de Oliveira. E cá estava ele, em uma casa mais vazia do que um estádio sem jogo. Por falar no número, tinha o peito rasgado por sete punhais de tristeza. E o deserto de uma noite sem amor pela frente. (continua amanhã)