/12 PEDACINHOS DA GRÉCIA ANTIGA – 005 – Hermes, o malandro de sandálias aladas

12 PEDACINHOS DA GRÉCIA ANTIGA – 005 – Hermes, o malandro de sandálias aladas

HERMES, O MALANDRO DE SANDÁLIAS ALADAS

Cada um tem seu deus preferido. Eu gosto muito de Hermes. Hermes cumpria a função de mensageiro. Era o deus que vivia a atravessar as fronteiras, a se mover de um território para outro: do mundo dos deuses para o mundo dos homens, por exemplo. Para ajudar nessa movimentação contínua, tinha sandálias aladas que permitiam voar , um capacete mágico que o tornava invisível e uma varinha mágica. Como certos malandros, Hermes chegava rápido mas de mansinho, sem ninguém notar.

Era Hermes que controlava a mudança das estações e as passagens mais importantes da vida dos mortais: da vigília para o sono e vice-versa, da vida para a morte.

O lugar de Hermes era o espaço aberto, estava à vontade nas ruas, em movimento, não era um deus de ficar trancafiado em palácio ou no Olimpo observando os mortais. Se misturava a eles. Por estar sempre ao sol, era um deus bronzeado. Representava o ideal masculino da Grécia antiga, onde ficar em casa era algo visto como próprio das mulheres. Sendo assim, Hermes era associado à masculinidade e à fertilidade, que não deixa de ser uma forma de comunicação e troca.

Não era homenageado em templos, mas nas esquinas. Ali eram depositadas oferendas de incenso, mel, bolos, porcos e daquilo que ele mais gostava: carneiros.

Princípio do movimento, da troca e da comunicação, Hermes era o deus dos ladrões – pois estes tiram as coisas do lugar e dos comerciantes. O comportamento de Hermes era ambíguo e às vezes até traiçoeiro. Logo que nasceu já aprontou, roubando gado do seu irmão Apolo. Por conta da gracinha, teve que dar ao irmão sua invenção mais genial: a lira feita com uma concha de tartaruga. Afinal, só mesmo o mais malandro dos deuses poderia ter inventado a música.