Concurso de Miss Olimpo
Os deuses mais bacanas viviam no Monte Olimpo onde passavam os dias conversando, bebendo néctar e comendo ambrosia. Quando estavam entediados, observavam os homens, esses seres inferiores que viviam de pão e estavam fadados a morrer. Naquela semana o Olimpo estava um agito só. Ia haver um casamento diferente: a linda deusa Tétis tinha finalmente aceito os apelos de Peleu, que era rei, bonito e poderoso mas não era imortal.
Todos os preparativos foram feitos para uma festa inesquecível e é claro que todos os deuses foram convidados. Quer dizer, quase todos. Porque havia as Erínias, em número de três, que só gostavam de causar confusão, adoravam ver o circo pegar fogo, eram sedentas de sangue. Por conta desse baixo astral, nem mesmo viviam no Olimpo, mas sim nos subterrâneos, de onde saíam para causar problemas aos homens.
Bem, nem preciso dizer que o fato de não receberem o convite para o casório mais espetacular dos últimos tempos deixou as Erínias furiosas. Afinal ficarem furiosas era mesmo a especialidade delas. E é claro que elas aprontaram. Não podiam usar de violência contra deuses superiores a elas, sendo assim usaram a astúcia.
Lançaram uma maçã no meio da festa, mas não qualquer maçã. Uma maçã de ouro, com a inscrição: “Para a mais bela das deusas”. A festa parou, é claro. A beleza era um atributo dos deuses olimpianos, sobretudo das deusas. Seria difícil apontar a mais bela. As três principais candidatas, sem dúvida, eram Palas Atena, a deusa guerreira e virgem, Hera, esposa de Zeus e Afrodite, que Homero chamava de “dos risos amante”, ou seja, sempre sorridente e sedutora.
As três se apresentam diante de Zeus, o manda-chuva do Olimpo, para ele decidir a parada. Zeus, que não era bobo, viu que estava diante de uma furada. Qualquer decisão que tomasse implicaria em ter duas deusas contra ele por toda a eternidade. É tempo pra caramba.
Sendo assim, afastou de si a responsabilidade e disse que o juiz da contenda seria um tal de Páris, um príncipe troiano admirador absoluto da beleza feminina. Imediatamente as deusas voaram para uma montanha de Tróia onde Páris passeava tranquilo. O brilho da beleza das três foi tão grande que ele quase ficou cego. Quando se recuperou, ficou ainda mais surpreso com a incumbência que tinha. Claro que ele ficou em dúvida: nem sabia para onde olhar.
As deusas, por sua vez, ansiosas por um veredito favorável e vendo que ele estava em dúvida, fizeram algo pouco elogiável. Cada uma delas procurou comprar o voto de Páris com um presente. Palas Atena disse que o transformaria em um guerreiro invencível. Hera prometeu que ele seria rei de toda a Ásia. Nada mau, pensou Páris. Mas Afrodite é que levou. Ofereceu a ele o amor da mais bela das mortais, Helena. Bem, vocês já sabem que Páris era mulherengo. O que vocês acham que ele fez? E assim, para todo o sempre, Afrodite é considerada a mais bela das deusas, pois ganhou o primeiro e talvez o mais disputado concurso de Miss de toda a história.
