/12 PEDACINHOS DA GRÉCIA ANTIGA – 011 – Ulisses e o monstro de um olho só

12 PEDACINHOS DA GRÉCIA ANTIGA – 011 – Ulisses e o monstro de um olho só

ULISSES E O MONSTRO DE UM OLHO SÓ:

Ulisses, que os gregos chamavam de Odisseus, é o herói grego mais astucioso. Tudo com ele era na malandragem. Pra tentar escapar da convocação à Guerra de Tróia, fingiu estar louco arando a terra e jogando sal para torná-la estéril. Só que o pessoal que veio buscá-lo já conhecia a sua fama e fez um teste. Colocaram o filho de Odisseus na frente do arado pra ver se o pai passava por cima. Claro que Odisseus desviou e assim teve que ir para a guerra.

A Guerra de Tróia durou dez longos anos e o coitado de Odisseus, por conta de uma encrenca que arrumou com o deus Poséidon, teve que passar por poucas e boas antes de voltar para a sua casa na querida ilha de Ítaca. Uma dessas aventuras, talvez a mais terrível, ocorreu quando o navio de Odisseus e seus companheiros veio ter à terra dos terríveis Ciclopes, monstros enormes, de um olho só e comportamento deplorável, como veremos.

Odisseus e seus companheiros, mortos de fome e sede, penetram numa caverna. Ô, que sorte, pensaram. Havia um rebanho de ovelhas e bastante leite e queijo. Mataram a fome e a sede e ficaram esperando o dono da casa, para poder agradecer. Entre os gregos, a hospitalidade era um valor muito importante. Receber bem um desconhecido, até mesmo um estrangeiro, agradava aos deuses, sobretudo a Zeus.

O susto que eles tomaram é difícil de descrever. Ouviram o solo da caverna tremer e à entrada aparecer o mais feio dos monstros, um ciclope colossal com um enorme olho no meio da testa. Assim que ele entra, coloca uma pedra enorme na entrada, impedindo a saída de quem quer que seja. Odisseus bem que tentou conversar, elogiar o gosto do queijo, coisa e tal… Começou um papo sobre hospitalidade, mas o monstro, que se chamava Polifemo, não quis nem saber. Com as enormes e horrendas mãos pegou um dos companheiros de Odisseus levou à boca e o mastigou como se fosse biscoito.

Foi um momento de pavor. Odisseus adotou outro plano. Ofereceu ao gigante cruel, como prova de amizade, um vaso cheio de vinho, bebida desconhecida pelos ciclopes, que eram pastores e não praticavam a agricultura. Polifemo adorou a bebida mas continuou devorando os amigos de Odisseus. Perguntou a Odisseus qual era o seu nome. Odisseus, astuciosamente, disse que se chamava Ninguém.

Em retribuição ao presente de Odisseus, que o monstro bebia em quantidades industriais, prometeu devorar Ninguém por último. O vinho, todavia, logo fez o seu efeito e o monstro desmaiou sobre o solo da caverna. Nessa hora Odisseus afia um tronco pesado, leva a madeira até o fogo que a faz ficar em brasa. E arremete contra o olho do gigante, queimando e cegando o bruto Polifemo.

Todos os ciclopes da vizinhança despertaram com o grito de dor de Polifemo. Quando eles se aproximaram da caverna, logo perguntaram: quem te fez mal, quem te fez mal? Mas a resposta fez eles voltarem para suas cavernas: Ninguém me fez mal, Ninguém me fez mal, dizia Polifemo desesperado, sem perceber que caía num ardil de Odisseus.

Mas Odisseus e os amigos que restaram ainda tinham que encontrar um jeito de escapar da caverna. Eles sabiam que Polifemo tinha que levar suas ovelhas para pastar. Sendo assim, Ulisses e cada um dos seus amigos colocam por cima uma pele de ovelha e cada um deles segura na barriga de um dos animais do rebanho do monstro. Quando Polifemo alisa um a um os seus animais, antes de permitir que saiam da caverna, não percebe que está libertando Odisseus e seus companheiros.

Depois de voltar ao navio, quando Polifemo já estava bem longe, Odisseus não resiste a revelar seu verdadeiro nome. Com raiva, Polifemo joga uma pedra tão grande na direção do navio que a sorte de Odisseus é que ela não acertou a embarcação, só serviu pra fazer onda. E tirar onda era com Odisseus.