AINDA TE PEGO, PAPAI NOEL
Sou do tempo em que criança ainda acreditava em Papai Noel. Antes de casar, as moças eram chamadas para uma conversa séria:
– Filha, antes do teu matrimônio tenho que te contar algumas coisas…
– Já sei, mãe, eu e o Paulo Roberto já…
– Não é isso, bobinha, tens que saber que Papai Noel não existe.
Hoje em dia, muito provavelmente as crianças jogam um videogame cujo objetivo é matar o Papai Noel e as renas (não nos esqueçamos delas) com requintes de crueldade: enfiando a faca no coração, cortando a cabeça com uma foice, metralhando, fazendo o Bom Velhinho explodir com uma granada e por aí vai. Estão achando exagero? Dêem uma olhada nos jogos mais vendidos: Call of Duty, Resident Evil, Battle of War… São variações em torno do mesmo tema: atirar e matar.
Mas como eu ia dizendo, naquele tempo o Papai Noel descia pela chaminé imaginária durante a madrugada – ignoro onde estacionava as renas -, e deixava nossos presentinhos. Uma vez ele foi mais ousado. Depositou os presentes na nossa porta, bateu levemente e fugiu. Saí correndo para a porta, mas ao abrir só pude ver o vulto avermelhado entrando no elevador. Foi por muito pouco.
Ainda te pego, Papai Noel, estás me devendo um autorama…