Sempre fui fã de romance policial, minha vida de leitor praticamente começou, feito a de muita gente, lendo Agatha Christie. Mesmo depois que ampliei minhas leituras, nunca abandonei o gênero. Leio tudo de Rubem Fonseca, sou fã de carteirinha do detetive Espinosa e de sua estante feita de livros no apartamento do bairro Peixoto, criação genial do psicanalista e escritor Luiz Alfredo Garcia-Rosa. Descobri recentemente um jovem e genial autor: Raphael Montes. Experimentem ler o primoroso e assustador Dias Perfeitos. Entre os estrangeiros, gosto de muitos, mas meu preferido, sem dúvida, é Dennis Lehane, autor entre outros de Sobre Meninos e Lobos, que virou filme.
Um dos detetives mais originais que conheço é o Rabino David Small, criado na década de 60 por Harry Kemelman. Calmo e lógico, ele decifra os mistérios como se fosse um Sherlock Holmes dotado da sabedoria judaica e seguindo rigorosamente os preceitos da religião, como era de se esperar. Sem falar que é mais bem humorado do que o excêntrico detetive inglês. Seu livro de estréia, em 1964 foi traduzido para o Brasil com o título Sexta-feira o rabino dormiu até tarde.
Além da qualidade literária (o autor ganhou prêmios inclusive) e do bom divertimento que proporcionam, os mistérios do rabino David Small permitem que a gente aprenda um pouco das tradições religiosas judaicas. Não sou religioso, mas me interessa a porção de sabedoria eventualmente existente em um livro sagrado. Adoro, por exemplo, os maravilhosos provérbios de Salomão, com pérolas como:
“Não ouvirão elogios da tua própria boca”
Em dos livros de Kemelman, agora não me lembro qual, li uma coisa que jamais esqueci. Não sei se é verdade ou não, mas para mim não importa, pois o que me interessa é o ensinamento e não a ortodoxia. Em determinado momento o Rabino David Small ensina que na religião judaica as preces são somente de agradecimento, não se deve pedir nada a Deus. Achei aquilo tão bonito. Com todo o respeito, pareceu a frase de Zeca Pagodinho :
“Acima do chão e abaixo do céu, qualquer lugar pra mim tá bom”
Por isso agradeço aos deuses gregos pela oportunidade de viver com saúde em 2017, por tudo que pude aprender, por ter realizado o sonho de me tornar um humilde professor de literatura, pelo lindo apoio que vocês deram a esta ilhazinha de idéias que é a Universidade LIVRE do Alvito e por ter feito novxs leitorxs e amigxs.
Obrigado a todxs,
Um abraço feliz,
2018, pode vir que estarei te esperando com um sorriso :-),
Marcos Alvito