Hoje fiquei com vontade de contar essa história. Separação. Novo apartamento. Ainda sem cara de lar. As coisas amontoadas. A filha pequena, então com quatro anos, vai passar o primeiro fim de semana na casa do papai. Na hora do banho, o aparelho não funciona, nada de água quente. A necessidade é a mãe da invenção:
– Filha, aqui em casa tomamos ducha de água fria… ouvindo rock’n’roll
– Que legal!
A filha no banho se divertindo como se fosse um esporte radical, segura nas mãos do papai pra poder pular melhor e não para de pedir pra aumentar o som.
Hoje a casa se transformou em um lar, cada coisa arrumada segundo o sentido oculto das emoções e lembranças. As paredes guardam memórias. O aquecedor há muito está consertado. Como era de se esperar, a filha agora quer tomar banho de água quente. Mas exige, ao final, a ducha de água fria.
E adora rocknroll.
