“O espelho me devolve a minha antiquíssima vaidade de mulher, essa que nasceu antes de mim e a que eu nunca pude dar brilho. Nunca antes eu tinha sido bela. No instante, confirmo: o luto me vai bem com meus olhos escuros. Agora, reparo: afinal, nem envelheci. Envelhecer é ser tomado pelo tempo, um modo de ser dono do corpo. E eu nunca amei o suficiente. Como a pedra, que não tem espera nem é esperada, fiquei sem idade.”
“O cesto”, conto de 2004 do livro O fio das missangas, de Mia COUTO
– Conto 05, lido e debatido no encontro 02 do Clube do Conto Bogari em 14 de agosto de 2019
– O CLUBE DO CONTO BOGARI retornará na 4a. feira, 5 de fevereiro de 2020