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HISTÓRIAS DO ALVITO – AINDA FALTA

Em 2019 fiz minha segunda viagem ao sertão de Minas, minha terra de sonhos rosianos. Viajei sozinho, montado no meu burrinho pedrês (um Ford Ka prateado). Ou melhor, quase sozinho na companhia de Agripina.
Agripina é como eu chamo a voz feminina do Waze. É simpática a moça, mas um pouco repetitiva. Era sempre a mesma prosa: “radar reportado à frente”, “siga por 13 quilômetros até dobrar à direita”, “mantenha a esquerda depois da rotatória” e outros chavões que ela não parava de repetir.
Tive a péssima ideia de reclamar com ela acerca da monotonia da conversa. Pensam que ela deixou barato? Agripina, essa mocinha vingativa, me pregou uma peça.
Naquele dia eu estava viajando para Grão-Mogol, a incrível cidade de pedra. Foi um trajeto longo, difícil. Até que Agripina me mandou parar e avisou: – Você chegou ao seu destino.
Quando olhei, ela tinha me trazido até a funerária da cidade, com placas enormes anunciando a entrada na vida eterna. Fiquei abalado com aquele golpe baixo mas ainda consegui retrucar:
– Tá certo, Agripina, eu sei que esse é o meu destino, mas ainda falta…