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Histórias do Alvito – CHUVEIRO DE IDEIAS

Histórias do Alvito
CHUVEIRO DE IDEIAS
Não sei que magia tem o chuveiro para mim, mas o fato é que parece um riacho mítico vertical. Debaixo dele minhas ideias ficam úmidas e brotam sem parar. Pensamentos esparsos e imprecisos vão ganhando clareza e se unindo para se tornarem reflexões. A maioria das minhas crônicas, inclusive esta aqui, começaram a ser “escritas” ou aperfeiçoadas, debaixo da água corrente. Acho que se existisse computador e teclado à prova d’água meus textos seriam bem melhores.
É verdade que eu adoro tomar banho. Posso estar limpíssimo, mas uma hora antes das aulas lá vou eu me ensaboar. Parece que a água lava também um pouco da alma e o isolamento acústico do chuveiro, que alguns usam para cantar, serve a mim para pensar. Sim, desde a dor de cotovelo mais atroz até a paixão mais solar, todos esses movimentos do coração são repensados ao som da água caindo.
Por exemplo. No domingo, meu amigo Martin do Rocinante Sebo daqui de Blumenau me convidou para dar uma palestra sobre Cem anos de solidão no dia 13 de maio. Primeiro veio somente a alegria. Mas depois, caiu a ficha da responsabilidade, é a minha primeira manifestação nesse lugar tão importante para a cidade e tão querido para mim. Além de ser a primeira aula presencial que darei em bastante tempo.
Inspirado pela data do 13 de maio, resolvi abolir a formalidade e chamar o evento de Degustação literária. Ao invés de falar sobre o livro, que é impossível de resumir ou explicar, vou dar o “gostinho”, umas “provinhas” na forma de pequenos trechos selecionados e comentados por mim e depois debatidos por todos.
Vou começar, de forma absolutamente herética, comparando os livros ao klops, um bolinho de carne que vem na forma de sanduíche e é a cara de Blumenau. É tão gostoso que se a turma o conhecesse o MacDonald’s iria à falência.
Haverá ainda outras surpresas, que estão guardadas a sete chaves.
Mas eu pergunto: onde mais eu poderia ter uma ideia como essas de comparar os livros a um pão com bolinho de carne?
No chuveiro, é lógico.
EM MAIO: LENDO Cem anos de solidão