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Histórias do Alvito – EU VOU INVADIR SUA PRAIA

Histórias do Alvito
EU VOU INVADIR SUA PRAIA
Ou melhor, minha árvore. Há dias que não ouço o simpático canto do Bem-te-vi. Nem vejo, no final da tarde, o pequeno e elegante colibri dando seu show de como flutuar no ar sem fazer esforço. Tampouco tenho visto e escutado o barulhento e alegre bando de papagaios que aparecem de repente e vão embora em um átimo. Os bicudos tucanos, nem se fala.
Passei a escutar somente uma espécie de pio agudo, desagradável, cortando o ar. Estou escrevendo de frente para ele, que resolveu fazer do meu querido ipê roxo o seu quartel general. É um baita de um gavião e depois que ele se instalou na área, ninguém mais ousa bater as asas por aqui.
Quer dizer, as pombas até ousam, folgadas que são. Mas vão voando feito navegação de cabotagem, de um ponto a outro, até passarem pela árvore quando vão bicar os sacos de lixo junto do poste. Mas bastou ouvirem o som do bichão de bico recurvo que nenhum mágico conseguiria fazê-las desaparecer tão rapidamente.
Acho os gaviões, pois há várias espécies deles, aves muito bonitas. Aprecio seu vôo e sua plumagem e sei que na natureza têm o seu papel. Mas com tanto céu, com tanta árvore, esse sujeito vem se instalar logo no meu CEP? Ele e seu piado nefasto. Quero minha passarinhada de volta.
Vê se me erra, seu desafinado!