O SONHO DOS SONHOS

Por uma ironia do destino, euzinho, que tantas vezes me pego sonhando acordado, delirando sem necessidade de febre, sujeito a uma imaginação desmedida e descontrolada, pois bem, raramente consigo me lembrar de um sonho.

Eis que hoje de manhã levanto tendo na mente a recordação de um sonho que não poderia ter sido mais doce. Ele se passava depois de ter dado uma aula sobre as delícias da literatura em uma escola de Ensino Médio.

No sonho, encontrava na rua rapazes e moças que diziam ter começado a ler os livros que eu recomendara, comentando comigo o que haviam achado e, sobretudo, revelando ter se tornado leitores.

Posso até ter e lembrar de sonhos tão felizes, mas nenhum me alegrará mais do que esse. Afinal, a primeira vez que a literatura salvou minha vida foi na adolescência, permitindo que eu escapasse da tacanha convivência escolar durante os Anos de Chumbo para um mundo alargado e rico, mudando a minha vida para sempre.

O meu amor pela literatura, além de tudo, é uma forma de gratidão, uma retribuição por uma dívida que nunca conseguirei pagar.