“. O homem que descia a rua estava evidentemente disfarçado, pensei. Por isso usava roupas de mulher. Provavelmente tinha más intenções. Com um medo mortal corri a toda a pressa para casa, subi a escada que levava ao sótão e me escondi sob uma viga, num canto escuro. Não sei quanto tempo fiquei lá. Não deve ter sido pouco, pois quando desci de novo, prudentemente, ao primeiro andar e com um cuidado extremo pus a cabeça à janela. Não havia nem de perto nem de longe o menor vestígio da figura negra. Entretanto, continuei durante vários dias dominado por um medo infernal e isto me retinha em casa. A partir de então, sempre que brincava na rua, a orla da floresta constituía para mim o objeto de uma atenção intranquila. Mais tarde, enfim, compreendi naturalmente que essa figura negra nada mais era do que um inofensivo padre católico.”
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