/JUNG – O PRIMEIRO TRAUMA CONSCIENTE

JUNG – O PRIMEIRO TRAUMA CONSCIENTE

“Essas ruminações me levaram ao primeiro trauma consciente. Num dia de verão muito quente eu estava sentado sozinho, como de costume, na rua em frente de casa, brincando na areia. A rua que passava diante de nossa casa subia em direção a uma colina, até perder-se na floresta. Podia-se ver uma grande extensão desse caminho. Nesse trajeto percebi, descendo da floresta, uma estranha figura com um chapéu de abas largas e uma longa veste negra. Parecia um homem usando roupa feminina. Aproximava-se lentamente e assim pude constatar que na realidade era um homem usando uma espécie de sotaina negra que lhe chegava aos pés. Vendo-o, senti um medo que aumentou rapidamente até tornar-se pavor mortal. Configurara-se em minha mente a ideia apavorante: É um jesuíta! Pouco tempo antes, com efeito, eu ouvira uma conversa de meu pai com um de seus colegas sobre as maquinações dos jesuítas. A tonalidade emocional, meio irritada e meio angustiada dessas observações, deu-me a impressão de que os jesuítas representava algo de particularmente perigoso, mesmo para meu pai. No fundo, eu não sabia o que significava jesuíta, embora conhecesse a palavra Jesus, aprendida na curta oração.”