“Se bem que esses sonhos se relacionassem com a preparação fisiológica da adolescência, haviam tido um prelúdio em torno dos meus sete anos, época em que sofri de pseudocrupe, com acesso de sufocação. Durante essas crises ficava de costas na cama, inclinado para trás, e meu pai me sustinha. Um círculo azul-brilhante, do tamanho da lua cheia e onde se moviam formas douradas que eu tomava por anjos, pairava sobre mim. Essa visão aliviava a angústia da sufocação cada vez que esta ocorria. Mas a angústia reaparecia nos sonhos. Creio que um fator psicogênico desempenhou em tudo isso um papel decisivo: a atmosfera começava a tornar-se irrespirável.”
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