/JUNG – Tendências inconscientes para o suicídio ou resistência funesta à vida no mundo

JUNG – Tendências inconscientes para o suicídio ou resistência funesta à vida no mundo

“Minha mãe contou-me que certa vez, tendo ido com a empregada até a ponte das quedas do Reno (…) caíra de repente e uma das minhas pernas escorregou sob o gradil. A empregada só teve tempo de me agarrar e puxar para trás. Esses fatos parecem indicar uma tendência inconsciente para o suicídio ou uma forma de resistência funesta à vida no mundo. Nessa época eu sentia angústias vagas durante a noite. Aconteciam coisas estranhas. Ouvia-se incessantemente o estrondo abafado das quedas do Reno, toda a região em torno era perigosa. Homens se afogavam, um cadáver despencara do alto, sobre as rochas. No cemitério vizinho o sacristão cava um buraco revolvendo uma terra parda. Homens negros e solenes, de fraque, chapéus de uma altura incomum e sapatos pretos e lustrosos carregavam um caixão negro. Meu pai está presente, em seu traje de pastor luterano, e fala com voz ressoante. Mulheres choram. Parece que enterram alguém no fundo da cova. Depois certas pessoas que antes estavam entre nós subitamente desaparecem. Ouço dizer que foram enterradas, ou que o Senhor Jesus as chamou para junto de si.”

 

(pp. 31-32)