O SOL E A LUA
O mundo era feito de escuridão. O frio congelava as montanhas e os oceanos haviam virado imensas pedras de gelo. A humanidade sobrevivia de teimosa. Sabe-se lá por quanto tempo. Ninguém sabia o que tinha acontecido. Era o início do fim do mundo?
O astro-rei, o todo-poderoso sol, calor do mundo, princípio de toda vida na terra, parara de brilhar. Se ele antes explodia em labaredas de fogo sentidas como um novo dia, agora se ocultava, calado e triste.
Pois ele sempre ardera de desejo pela lua. Era dela que vinha, na verdade, toda a luz. Toda a superfície do sol era coberta de poemas e histórias em homenagem a ela. Um tapete de imaginação e poesia. Sem isso, era a treva, o silêncio, a cinza.
Homens e mulheres enviaram uma missão à lua. Começaram mal, cravando uma bandeira que fez cosquinhas nela, mas a deixou revoltada com a pretensão e o abuso: se ela não era nem mesmo do sol, como ousavam essas criaturinhas?
Mas a lua, que era mulher de bom coração, dizem até que meio romântica, entendeu o apelo daqueles bichinhos peludos que queriam continuar suas vidas de misérias e amores. Prometeu que voltaria a falar com o sol.
Disse que tinha apenas dado um “gelo” para ele aprender que a luz não vem do fogo nem da explosão, a luz não vem da força do vulcão. Toda e qualquer luz que exista neste e em outros mundos vem da palavrinha de quatro letras: amor.