O QUE MACHADO DIRIA
Vi uma cena que faria Machado de Assis molhar a pena no tinteiro na mesma hora.
Numa esquina da zona sul do Rio de Janeiro, em uma banquinha de madeira a vendedora dispôs com esmero vários tipos de máscaras. Desde as mais simples, de uma só cor, até outras com estampas elaboradas, flores, oncinha…
Chega o casal trintão e a mulher passa a experimentar uma e mais outra máscara, colocando-as no rosto, enquanto a gentil vendedora segura um espelho para que a cliente possa avaliar qual modelo combina melhor com sua roupa, signo do zodíaco ou estado de espírito, sei lá.
Claro que outras pessoas devem ter feito o mesmo e desta forma a máscara, objeto que teoricamente existe para dificultar a propagação do vírus, acaba virando uma eficiente auxiliar do comevida19, como se o desgraçado ainda precisasse de alguma ajuda.
Fico pensando que o velho Machado talvez concluísse a sua crônica dizendo:
“de todos os vírus que assolaram a Humanidade, nenhum foi mais persistente ou mais nefasto do que a vaidade.”