“Não pularemos o sonho de Swann, que Proust associa estreitamente à evolução do amor desse personagem por Odette, no fim desse amor, como uma etapa rumo à cura de uma doença. Proust, sem dúvida é o último grande (os pequenos não faltam) representante da antiga tradição da melancolia amorosa. O próprio Freud fala de amor, ora sob esse nome, ora sob o de libido, e fala de neuroses e perversões ligadas à libido.
Proust relata no mínimo quatro vezes um sonho que pontua o fim de um amor: em Os Prazeres e os Dias, em Jean Santeuil e em Swann (duas versões). A narrativa que ele contém decorre da dramatização e da elaboração secundária próprias a todos os sonhos. Ela se adapta perfeitamente, portanto, à estrutura do romance. ”
TADIÉ, Jean-Yves. O lago desconhecido: Entre Proust e Freud. Porto Alegre: L&PM, 2017. p.31.