/HISTÓRIAS DO ALVITO – AINDA PULSA

HISTÓRIAS DO ALVITO – AINDA PULSA

AINDA PULSA

Três jovens historico-sociologicamente negros do Complexo do Alemão invadem o vagão do metrô empunhando… violinos… Não satisfeitos, tocam de forma impecável um techo de Vivaldi subjugando violentamente o coração da plateia encantada. Antes de passar o chapéu um dos rapazes pontifica: precisamos de arte.

Eu tinha embarcado em Copacabana, onde fora prestigiar o lançamento do livro do meu querido mestre Luis Pimentel sobre o saudoso Alfredinho. Ali, outro milagre: o grupo de amigos mantém acesa a chama do Bip Bip, dezoito metros de liberdade em meio ao caos. A roda de músicos, em sua maioria historico-sociologicamente brancos e de classe média, cantava sambas feitos em sua maioria por descendentes de africanos escravizados.

Ao desembarcar, na Glória, faço de um sanduíche de falafel a última refeição do dia. Em um trailer (food-truck é o cacete, diria o Alfredinho) de dois jovens sírios, que se surpreendem quando agradeço em árabe: Xocram!

O que ainda pulsa?

A alma carioca, feita de um caldeirão de gentes e de culturas, tudo junto e misturado.