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Histórias do Alvito – CADA UM TEM O 7 DE SETEMBRO QUE MERECE

CADA UM TEM O 7 DE SETEMBRO QUE MERECE
Neste dia em que a infâmia ocupa as ruas e o mais corrupto e corruptor governante de nossa História (e olha que a competição é duríssima) pede que a barbárie sequestre as cores da nossa bandeira … neste 7 de setembro canalha, sórdido e odioso, eu gostaria de lembrar de outro 7 de setembro.
O sete de setembro de 2020, em plena pandemia, quando começou a travessia do Bando do Rosa. Um bando ímpar, como todos o são, com pessoas de formações e interesses diferentes. Incluindo um cubano e uma canadense, um violeiro-poeta-psicanalista, uma professora de literatura, uma assistente social, um mineiro-romancista que sabe tudo do sertão, uma professora de inglês, um dentista-leitor de curiosidade insaciável, uma psicanalista, uma professora universitária, uma produtora cultural que não para quieta (é ela que diz). Isso para mencionar somente os que foram até o fim da jornada.
Para celebrar o tempo que passamos juntos a ler, degustar, refletir e por vezes somente a nos maravilhar com a obra do Rosinha, decidimos nos encontrar em Cordisburgo no mês de agosto passado. Foram três dias de festa, parecia um carnaval rosiano. Afinal nós pudemos nos ver de verdade, abraçar e conversar sem precisarmos de microfone, ligado ou não. E contamos com a participação especial de Mari, a Mulher do Hermógenes, vinda de terras baianas.
Começamos pela casa do Rosinha, o museu mais visitado de Minas Gerais. Primeiro percorremos os aposentos, inclusive o quartinho de Joãozito, de onde ele janelava o mundo com seus olhinhos míopes e a venda onde ele ouvia as histórias de tropeiros, jagunços, comerciantes e viajantes. Para fechar com chave de ouro, ouvimos deliciados e admirados uma miguilim declamar um belíssimo trecho de Grande sertão: veredas. Este projeto, que existe em Cordisburgo desde 1996, forma estudantes que depois do contato com a obra de Guimarães Rosa seguem o caminho da formação universitária em busca de uma vida melhor para eles e suas famílias. Quem disse que não podemos nos orgulhar de ser brasileiros, sobretudo se formos rosianos de coração?
O programa da tarde tinha 300 milhões de anos, pelo menos: a Gruta de Maquiné, maravilha que encantou o menino Joãozito por toda a vida. E não é para menos: sete enormes salões (tinham que ser sete, não é, Rosinha) em um espaço muito mais surpreendente do que um filme de ficção científica.
Claro, teve mais coisa. Teve torneio de Truco, graças ao professor Fafafa. Teve almoço gostoso no Sarapalha. Tiramos fotos e mais fotos no portal Grande sertão: veredas, todo mundo aproveitou para tirar uma casquinha de João Rosa ou de seu personagem favorito: Diadorim, Riobaldo, Joca Ramiro. E houve o jantar na Taberna da ótima Magna, que a despeito do nome é baixinha mas excelente cozinheira.
Foi ali, naquele espaço simples e acolhedor, que aconteceu o melhor da festa. Alex “Delfim” Rocha e Joyce Carvalhaes, a moça da voz cristalina, deram um recital. Com direito a música sertaneja, a músicas do Clube da Esquina e outras. Mas o ponto alto, para mim, foi a emocionante versão da Canção de Siruiz.
Como o Bando do Rosa é livre, corajoso e generoso (tudo o que Capitão-Cramulhão não é), em nome dele eu compartilho com vocês esse momento belimbeleza na foto abaixo.
Salve o Bando do Rosa, salve o Rosinha, obrigado, jagunçada, Maximé.
ZB