Estava em Laranjeiras, à porta de um café acolhedor e pleno de delícias. Era uma gloriosa manhã de sol, um sábado especial porque eu iria tomar café com um dos meus seres humanos preferidos, minha irmã. Como todos sabem, sempre chego mais cedo, é uma mania que não consigo perder. Antigamente eu esperava. Agora aprendi que não é preciso, basta se distrair com o que há em volta. No caso, uma alegre e colorida feira livre, com suas barracas abarrotadas de frutas, legumes, queijos, biscoitos e tudo o mais, o que só fez aumentar meu apetite.
E também havia uma árvore, que o Google Lens me informou ser um Tamarindo Selvagem, ou se preferirem um Lysiloma latisiliquum. O que primeiro me cativou foi a beleza de suas folhas delicadas, que proporcionavam uma dialética de luz e sombra admirável: protegiam do sol mas não impediam a chegada da luz. Depois observei o tronco, firme mas sem a majestade de uma figueira ou de uma mangueira. Enfim, discreto mas confiável. Ele primeiro se bifurcava uma vez e depois os troncos iam se bifurcando várias vezes. A cada bifurcação, é lógico, os ramos iam ficando mais finos. Quanto mais para o alto, mais finos e frágeis eram. Talvez viessem a ser escolhidos pelos pássaros por serem mais elevados e mais distantes do bicho mais perigoso do planeta que vocês sabem bem qual é. O fato é que fiquei pensando que quanto mais próximos da nossa raiz, mais sólida é a nossa posição. Pelo menos foi isso o que o Tamarindo Selvagem me disse.
Agora me dêem licença que minha amada irmã chegou.