Histórias do Alvito – DA JANELA
Meu disco voador carregado de livros foi escolhido por dois motivos. Antes de mais nada, para viver perto da minha filha, para que pudéssemos, ela e eu, nos visitar ao mísero custo de uma caminhada.
Mas esta janela que se debruça sobre um lindo ipê e atrás dele sobre parte das montanhas de Santa Teresa, também contou bastante. Minha árvore é acolhedora e nela já vi pousar de gavião, tucano E papagaios a sanhaços, bem-te-vis e colibris.
Só não estava preparado para o espetáculo dado por um bando de andorinhas nesta tarde que minha querida madrinha rosiana, Regina Pereira, chamaria de plúmbea. Estava eu bebendo meu café da tarde quando essa turma de aves irrequietas e encantadoras passou a dar voltas e voltas em torno da minha árvore, uma espécie de carrossel voador. E continuam assim, mais de vinte minutos depois, no instante em que escrevo isso. Parece um bailado, uma valsa de festa ou, se preferirem, uma prova de circuito oval aéreo.
Felizmente, desconheço o motivo. Claro que haverá uma razão ornitológica para tal, não pode ser mera poesia feita no ar. Mas entre a poesia e a razão, essa “megera cartesiana” como a chamava o Rosinha, eu fico com a poesia.
Infelizmente, os bichinhos são tão ariscos e rápidos que apenas um deles, mal e mal, saiu na foto, do lado esquerdo, no alto. Para entender, vocês terão que usar as asas da imaginação.