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HISTÓRIAS DO ALVITO – Dos beijos

Venho de uma família beijoqueira. Minha mãe apertava e beijava a mim e à minha irmã como  se o mundo fosse acabar daí  a meia hora. Eu peguei o espírito  da coisa e quando via minha vó Isaura, portuguesa e vascaína, dava beijos estalados nas faces dela até vovó começar a gargalhar e pedir uma trégua. Meu pai era o único mais sóbrio, apesar de baiano. Mas nos seus últimos anos aderiu à confraria e não dispensava muitos beijos carinhosos.

Os gregos antigos, que muito sabiam, consideravam passar a mão nos seios de uma mulher menos grave (embora bastante) do que beijá-la contra a sua vontade. Acho que no primeiro beijo já dá para saber se um namoro tem ou não chance de dar certo, embora um relacionamento demande muito mais do que bons beijos. Mas sem beijo bom não há jeito…

Tudo isso é pra dizer que no momento atual, a bravata de dizer: “- não ligo, vou te dar dois beijinhos de qualquer forma” é, apenas nesta circunstância, o anti-beijo. Não beijar, durante essa quarentena, é se cuidar e cuidar do outro.

Depois que essa droga passar a gente volta a beijar a todo o vapor. Dois beijos, três beijos, o quanto for…

P.S: Agora, namorado ou namorado que quiser parar de beijar por medo deverá ser sumariamente defenestrado da relação…