Outro dia fui comprar pão de queijo aqui em Santa e resolvi perguntar à moça se havia algum bolo. Ela respondeu que só havia bolo de cacau. Quando lamentei o fato do bolo não ser de chocolate ela disse que cacau é chocolate. Ledo engano.
Então vamos voltar 3.500 anos para a cultura dos Olmecas, um povo que habitava a região do atual Golfo do México. A civilização olmeca foi uma importante matriz para as culturas pré-colombianas. Mas o que nos interessa no momento é o fato de que foram os primeiros a fabricar uma bebida a partir do cacau.
Foram os maias, séculos depois, que literalmente apimentaram a receita, usando sementes de cacau torradas e moídas, milho, água e pimenta malagueta. Diziam ser a bebida dos deuses e deram-lhe o nome de “xocolátl”, “água amarga”.
Ao contrário dos maias, os astecas tiveram a desventura de presenciar e sofrer a chegada dos europeus. No século XV eles achavam que aquela bebida amarga era boa para o amor e para a guerra.
Reza a lenda que o sanguinário Hernán Cortez encantou-se com uma xícara da bebida que lhe foi oferecida por um imperador asteca, que se pudesse prever fatos futuros teria colocado veneno no “xocolátl”.
O fato é que a bebida chegou à Europa, primeiro à Espanha, depois à França, à Inglaterra onde havia casas especiais para seu consumo e por fim a todo o continente. Mas era uma bebida.
A barra de chocolate só foi inventada em meados do século XIX, tem menos de 200 anos. Agora é um produto totalmente diferente. Que eu conheço desde criança com o sagrado nome de chocolate. Qualquer um pode perceber que aquilo ali não é cacau. É um produto artificial que além de cacau leva leite, açúcar (muito) e diversos componentes químicos nada saudáveis.
Mas eu adoro e vou continuar adorando. Barras se afirmando com 85% de cacau, 200% de cacau, ou propagando aos quatro ventos o oxímoro do chocolate amargo como opções mais saudáveis, mais verdadeiras, não me interessam em absoluto. Para quem gosta, ótimo, sugiro até um nome: chocolate pc, politicamente correto.
Claro que vivo a ouvir as pregações dos apóstolos do “natural” . Sou um pagão empedernido que todos tentam converter em nome da pureza do cacau… Vou arder no inferno, mas com calda de chocolate bem quente…
Morrer envenenado pelo chocolate industrial não me assusta, faço isso desde pequeno.
Não vem botar cacau no meu chocolate.
Tá me achando com cara de olmeca?