/JUNG – A solidão e as brincadeiras da primeira juventude

JUNG – A solidão e as brincadeiras da primeira juventude

“Este comportamento nada infantil prendia-se por um lada a uma grande sensibilidade e vulnerabilidade e, por outro, de um modo todo particular, à grande solidão da primeira juventude. (Minha irmã era nove anos mais nova do que eu.) Eu brincava só e ao meu modo. Infelizmente não consigo lembrar do que brincava. Só sei que não queria ser perturbado. Mergulhava com fervor no brinquedo e não podia suportar que me observassem ou julgassem. Sei porém que dos sete aos oito anos brincava apaixonadamente com cubos de madeira, construindo torres que depois demolia, com volúpia, provocando ‘tremores de terra’. Dois oito aos onze anos, desenhava uma infinidade de quadros de batalhas, cercos, bombardeios, combates navais. Depois enchia um caderno inteiro de borrões de tintas cujas interpretações fantásticas me divertiam. Gostava muito da escola, pois nela encontrara os companheiros que durante tanto tempo me haviam faltado.”

 

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