“impressiona a força do que terá sido a visão do pico do Cauê para o ‘menino antigo’ que o avistava bem em frente das janelas do ‘casão senhorial’ onde viveu a infância, desde os
dois anos de idade (‘pedra luzente/ pedra empinada/ pedra pontuda/ pedra falante/ pedra pesante/ por toda a vida’). Ponto destacado da paisagem natal drummondiana, o Cauê aparece nela como ‘primeira visão do mundo’, inscrita em ‘perfil grave’ na sua memória afetiva. O pico se notabilizava por seu estatuto sóbrio e não espetaculoso no tamanho – ele mesmo mineral e mineiro -, embora perturbadoramente próximo e compacto, com seu alto teor de ferro concentrado. Impunha-se à visão de maneira supostamente indelével, desenhando ‘uma forma de ser, […] eterna’, ‘a cada volta do caminho’. ”
(pp. 29-30)