SILVA,E.          A Abolição enquanto festa popular, de caráter ao mesmo tempo lúdico e

“Qual Abo-       político, em que a lei inspira a festa, ao mesmo tempo que a festa justifica

lição”                 e garante a lei

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1-2 Em primeiro lugar, Eduardo Silva destaca a enorme alegria que se apoderou da população

carioca, durante uma semana, depois que a Princesa Isabel sancionou a Lei Áurea, naquele domingo, 13 de maio de 1888. A celebração teve música e dança e dela tomaram parte, não somente a população pobre (os até então escravos, libertos e livres), mas também estudantes, operários e funcionários públicos. A cidade inteira parou por uma semana, e o entusiasmo foi crescente, com manifestações tipicamente populares e negras (samba-de-roda), para escândalo da burguesia. Ao mesmo tempo, o autor chama a nossa atenção para o caráter político da festa, encarnado em passeatas diurnas e noturnas em pontos estratégicos como a Rua do Ouvidor, onde se localizavam jornais, casas de notáveis e ministros de Estado, todos obrigados a manifestar apoio público à lei, além de colaborar com festa na forma de donativos.

Obs: Creio que Eduardo Silva está chamando a nossa atenção para os limites do pensamento politicamente correto: apontar, hoje, os limites da Abolição não implica em esquecer o significado que o fato teve para os homens da época.