/O DRUMMOND NOSSO DE CADA DIA – EQUÍVOCO

O DRUMMOND NOSSO DE CADA DIA – EQUÍVOCO

EQUÍVOCO

Na noite sem lua perdi o chapéu.

O chapéu era branco e dele passarinhos

saíam para a glória, transportando-me ao céu.

 

A neblina gelou-me até os nervos e as tias.

Fiquei na praça oval aguardando a galera

com fiscais que me perdoassem e me abrissem os rios.

 

Um jardim sempre meu, de funcho e de coral,

ergueu-se pouco a pouco, e eram flores de velho,

murchando sem abrir, indecisas no mal.

 

Ressurgi para a escola, e de novo adquiri

a ciência de deslizar, tão própria de meus netos:

Sou apenas um peixe, mas que fuma e que ri,

e que ri e detesta.