/O DRUMMOND NOSSO DE CADA DIA – No país dos Andrades

O DRUMMOND NOSSO DE CADA DIA – No país dos Andrades

NO PAÍS DOS ANDRADES

No país dos Andrades, onde o chão

é forrado pelo cobertor vermelho de meu pai,

indago um objeto desaparecido há trinta anos,

que não sei se furtaram, mas só acho formigas.

 

No país dos Andrades, lá onde não há cartazes

e as ordens são peremptórias, sem embargo tácitas,

já não distinguo porteiras, divisas, certas rudes pastagens

plantadas no ano zero e transmitidas no sangue.

 

No país dos Andrades, somem agora os sinais

que fixavam a fazenda, a guerra e o mercado,

bem como outros distritos; solidão das vertentes.

Eis que me vejo tonto, agudo e suspeitoso.

 

Será outro país? O governo o pilhou? O tempo o corrompeu?

No país dos Andrades, secreto latifúndio,

A tudo pergunto e invoco; mas o escuro soprou; e ninguém me secunda.

 

Adeus, vermelho

(viajarei) cobertor de meu pai.