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7 motivos para não se orgulhar de ser carioca

Não é que o burrinho adore polêmica, não senhor.  Ele é um burrinho em busca de Paz e Amor. É que como diz o poeta Salgado Maranhão, esse patrimônio da cultura brasileira, “o conhecimento é virulento, ele te modifica” e não dá para ficar imune a certas coisas. Então deixa eu esclarecer, existem 1001 motivos pra você se orgulhar de ser carioca, sobretudo nascido no Espírito Santo ou na Suécia. Muito bom, muito bem. Parabéns, sem nenhuma ironia, só amor no coração. Mas se você é um verdadeiro carioca, adora andar de pés descalços ou com as sandálias da humildade, o calçado mais confortável que já inventaram para caminhar nessas ruas da nossa cidade. E tem que reconhecer que existem pelo menos 7 motivos pra não se orgulhar de ser carioca.

  1. Carioca, etimologicamente falando, é casa de branco, terra de branco. Branco que para os africanos que chegavam aqui apavorados com tanta maldade, com tanta brutalidade, era a cor da morte. A morte é branca, porque nessa cidade de São Sebastião é o preto, é o pobre, é o morador da favela que morre flechado, rasgado de punhal ou então de uma bala que nunca esteve perdida, tem endereço certo.
  1. Nos achamos malandros, mas como já dizia esse bom malandro Jorge Ben, “se o malandro soubesse como é bom ser honesto, seria bom só por malandragem”. Achamos que podemos dar um jeito em tudo e vamos empurrando com a barriga ao invés de encarar a realidade dessa terra de bueiros voadores, trens que passam por cima do teu cadáver, ensino público abandonado, polícia que te mete medo, políticos mauricinhos sorridentes…
  1. Deixar pegarem a tua grana suada do batente e matarem o Maraca com ela, construindo no lugar não um estádio, mas sim um studio de futebol. Pra Rede Bobo transmitir você dançando e cantando depois de pagar 50 pratas pra entrar no que já foi a tua casa e foi destruído com o teu dinheiro. Se liga… e não é liga a televisão não!
  1. Deixar o alcaide, na maior cara dura, pegar bilhões de reais, teus, meus, nossos e fazer metrô da Barra, BRT da Barra, instalações olímpicas na Barra. E pro subúrbio, um parquinho aqui, outro ali, pra disfarçar. E ainda veste a camisa da Portela, como ousa?
  1. Essa cidade já foi a maior cidade escravista do planeta. Foi sobretudo a mão dos africanos trazidos como escravos que ergueu seus palácios, igrejas, casas, ruas. Foram eles que trouxeram consigo culturas que aqui se fundiram numa cultura afro-carioca bela e rica. É uma vergonha que essa cidade ainda continue profundamente racista. Branco pode ir a toda a parte, é bem recebido no samba, no candomblé, na favela. Mas preto no Rio de Janeiro não pode atravessar o túnel… É discriminado em restaurantes, shoppings e, principalmente, pelos olhares que recebe. Olhares de Medusa… Até quando seremos racistas? Porque ser racista é abominável em qualquer lugar, mas no Rio de Janeiro é sobretudo ingratidão…
  1. Ver a população das favelas, essa alma da cultura carioca, ser “removida”, retirada à força pelos podres poderes constituídos (que os cariocas elegeram) ou então, dançar com a subida dos preços do aluguel no morro…
  1. Ficar louvando a mulher do Rio, sua beleza e graça e não fazer nada para ela parar de ser sarrada nos transportes públicos, agredida verbalmente nas ruas com a desculpa da cantada (cantar é arte, cantada é violência) ou então estuprada em terras cariocas.

Claro, agora tu vai ficar revoltado e jogar pedra no burrico, não é? Tudo bem. Tá tranquilo, carioca que se preza sabe matar a pedra no peito e devolver em forma de samba, ou de flor, na boa.

 

Bom dia 🙂 e Namastê <3, pra todos vocês, cariocas de todas as partes