“Esta teoria [de Lévy-Bruhl] é sedutora. Permite interpretar fenômenos aparentemente obscuros, conserva em torno do primitivo um halo de mistério, e não há dúvida que contribuiu para investigar os aspectos alógicos da mente humana. Mas, pouco depois do seu êxito, Malinowski, ao invés de compulsar relatos de viagem ou repositórios de folclore, foi viver dois anos numa aldeia de melanésios, e os seus trabalhos fizeram ver que, relacionada ao cotidiano, a bela construção era falaciosa. Os povos primitivos distinguem, essencialmente como nós, o lógico e o mágico, embora na sua mente ambos formem configurações diversas, e o mágico sobressaia proporcionalmente mais do que o lógico no tecido da sua existência.”
Antonio Candido, “Estímulos da criação literária” In: Literatura e Sociedade. São Paulo: T.A. Queiroz; Publifolha, 2000.