“É, entretanto, o mito do herói que acentua com mais frequência a teatralidade política; ele engendra uma autoridade mais espetacular do que a rotineira, que não oferece surpresas. O herói não é desde logo considerado como tal porque seria notadamente ‘o mais capaz’ – de assumir o encargo da soberania, como afirma Carlyle. ele é reconhecido em virtude de sua força dramática. Dela deriva sua qualidade e não do nascimento ou da formação recebida. Ele aparece, age, provoca a adesão, recebe o poder. A surpresa, a ação e o sucesso são as três leis do drama que lhe dão existência. Ele deve ainda respeitá-las na condução do governo, manter-se no próprio papel, mostrar que a sorte permanece sua aliada contra todos.”
BALANDIER,Georges. O poder em cena. Brasília: UNB, 1982.