/BARTHES – Abraço – continuação

BARTHES – Abraço – continuação

ABRAÇO (continuação):

“1. Além da cópula (pro diabo, então, o Imaginário), há esse outro enlace que é o abraço imóvel: estamos encantados, enfeitiçados: estamos no sono, sem dormir; estamos na volúpia infantil do adormecer: é o momento das histórias contadas, o momento da voz que vem me imobilizar, me siderar, é a volta à mãe (‘na doce calma dos teus braços’, diz uma poesia musicada por Duparc). Nesse incesto reconduzido, tudo é então suspenso: o tempo, a lei, a proibição: nada cansa, nada se quer: todos os desejos são abolidos, porque parecem definitivamente transbordantes.”

Roland Barthes. Fragmentos de um discurso amoroso. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1981.