“Cumpre portanto introduzir um mínimo de ordem nessa multiplicidade a fim de permitir a comparação entre as unidades que a compõem, e é por isso que M.Lapierre, mais ou menos aceitando as clássicas classificações propostas pela Antropologia anglo-saxônia para a África, percebe cinco grandes tipos ‘partindo das sociedades arcaicas nas quais o poder político está mais desenvolvido para chegar finalmente àquelas que quase não apresentam, ou mesmo não apresentam, poder propriamente político’ (p.229). Ordenam-se então as culturas primitivas em uma tipologia baseada em suma na maior ou menor ‘quantidade’ de poder político que cada uma delas oferece à observação, quantidade essa que pode tender a zero, ‘…certos agrupamentos humanos, em condições de vida determinadas que lhes permitam subsistir em pequenas ‘sociedades fechadas’, puderam abster-se de poder político’ (p.525).”
CLASTRES,Pierre. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978. 2.ed.