A casa dentro da tradição de estudos históricos e sociais brasileiros:
“Mas é claro que dentro da tradição de estudos históricos e sociais brasileiros, a ideia de casa sugere um lugar privilegiado. É preciso, porém, acentuar que nestas investigações, a casa surge muito mais como um palco, um local físico, do que um ator. De fato, na perspectiva da grande maioria destes trabalhos, não é a casa, mas são as famílias com seu séquito de criados, funcionários, sacerdotes, escravos e seguidores em geral, que os pesquisadores dotam de poderio ‘feudal’, que controlariam a sociedade seriam os verdadeiros atores da história social brasileira. São essas ‘famílias patriarcais’, percebidas como unidades heterodoxas, visto que detinham múltiplas funções e somavam hierarquicamente graus variados e extremos da condição humana dos senhores aos escravos, que são o sujeito da dinâmica social desses trabalhos.”
Roberto DaMatta. A Casa e a Rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.