Superstições em torno do ritual da venda de esposas, aproximado da venda de um animal:
“E um ritual desse tipo tende a gerar seus próprios refinamentos e superstições locais. Em alguns casos, achava-se necessário fazer a mulher desfilar pelo mercado o número mágico de três vezes. Em outros casos, a esposa era puxada por uma corda durante todo o caminho da sua casa até o mercado, e depois conduzida da mesma forma para o seu novo lar. O simbolismo era obviamente derivado do mercado de animais, e aqui e ali inventavam-se formas mais elaboradas para confirmar a simulação de que a mulher era um animal. Seria talvez, sob uma antiga forma popular, a brincadeira de passar a perna no diabo (ou em Deus)? Os elementos adicionais mais frequentes eram atar a mulher na cerca do mercado, prendê-la num cercado de ovelhas, fazê-la passar pelos portões do pedágio (de vez em quando, novamente as mágicas três vezes) e, muito frequentemente, pagar aos funcionários do mercado a taxa pela venda de um animal.”
E.P. THOMPSON. “A venda de esposas” In: Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.