“Na verdade, trata-se de voltar para um momento em que essa imagem ainda precisava ser afirmada, e não fazia parte de um arsenal retórico e político consagrado na liturgia nacionalista. Para tanto deve-se reconhecer, em primeiro lugar, que as interpretações clássicas em que se ouve o eco de velhos cronistas têm razão em um ponto: esta é uma festa com um poder muito forte de expressar certas dimensões do tempo e das relações sociais. Por isso, a intenção deste livro é pensar o Carnaval nos termos de uma história social da cultura que o faça retornar ao leito dos conflitos, da mudança e do movimento próprios à história; chegar perto de tensões e diálogos entre sujeitos que nem sempre estão reconciliados sob o reinado de Momo.”
CUNHA,Maria Clementina Pereira. Ecos da folia: uma história social do carnaval carioca entre 1880-1920. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.