“Todos os ritos são agregados de símbolos que se relacionam, formando uma rica e refinada trama expressiva. Cada símbolo, entretanto, reúne e distingue, sob a forma sensível de um artefato, todo um conjunto de valores, normas, crenças, estatutos e sentimentos. Por isso, os símbolos não ocorrem solitariamente. Existem, por assim dizer, em constelação. Cada rito constitui, neste sentido, uma forma peculiar de conjunção e conjugação simbólica. Em cada uma delas, a magnitude e o brilho não são iguais para todos os símbolos que as integram. Alguns, mais elaborados, estão no centro da ação ritual. São estes os símbolos focais ou dominantes. Essa posição não se define, porém, a priori. Um símbolo, cuja luz ofusca os demais num determinado contexto, pode-se eclipsar, modestamente, em outro.”
VOGEL,Arno et alii. A galinha d’Angola: iniciação e identidade na cultura afro-brasileira. Rio de Janeiro: Palllas, 1998. 2.ed. p.2.