Em um tribunal na Martinica, Lévi-Strauss surpreende-se com a rapidez e facilidade com que um camponês é condenado:

“Um dia entrei na sala do tribunal, que estava a funcionar; era a minha primeira visita a um tribunal e foi a única. Estavam a julgar um camponês que, durante uma rixa, tinha arrancado um bocado de orelha ao adversário com uma dentada. (…) Em cinco minutos, nem mais, nem menos, aquele negro irascível ouviu a sentença de condenação a oito anos de prisão. A justiça estava e continua a estar ligada, no meu espírito, à dúvida, ao respeito, ao escrúpulo. O fato de ser possível, com tal desenvoltura e em tão pouco tempo, dispor daquela maneira de um ser humano me deixou estupefato. Não conseguia admitir que tinha assistido a um fato real. Ainda hoje não há sonho, por mais fantástico e grotesco que seja, que consiga incutir-me uma tal sensação de incredulidade.”