“outro aspecto para a criação de personagens humanos e consistentes: o seu caráter único.”
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“Raro é o infrequente, o único não se confunde com ninguém. (…) Não há ninguém nem nada na face da Terra que seja igual ao sr. Ulme. Isso logo provoca no leitor o raciocínio: ‘Puxa, se esse personagem é tão interessante, vou seguir na leitura, porque vem coisa boa por aí. Só pode vir'”.
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“Na verdade, todas as pessoas são únicas, não apenas o ser. Ulme.”
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“O ficcionista deverá criar seu personagem de modo que se exponham as características que o tornam único.
Como fazer isso? Pela soma e superposição de atributos da mais variada natureza, em geral contrastantes, aqueles que interessam à história que vamos escrever.”
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“Para atingir um bom resultado na caracterização do personagem, tenha cuidado em evitar as listas de itens pertencentes ao mesmo domínio de significados.
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é um recurso já bem praticado. Veja como Eça de Queiróz nos apresenta um amor de juventude de Afonso da Maia no romance Os Maias (1888): ‘Foi então que conheceu D. Maria Eduarda Runa, filha do conde de Runa, uma linda morena, mimosa e um pouco adoentada.”
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“É esse choque de realidade que a faz existir.”
(páginas 41-44 )