“Os fatos que estudamos então, particularmente em Samoa, o notável costume de trocas de esteiras brasonadas entre chefes por ocasião do casamento, não pareciam ir além desse nível. O elemento de rivalidade, o de destruição, de combate, pareciam faltar, ao passo que não faltavam na Melanésia. Enfim, havia muito poucos fatos. Seríamos muito menos críticos hoje.
Em primeiro lugar, esse sistema de presentes contratuais em Samoa estende-se muito além do casamento; acompanha os seguintes acontecimentos: nascimento da criança, circuncisão, enfermidade, puberdade da jovem, ritos funerários, comércio.
A seguir, dois elementos essenciais do potlatch propriamente dito estão claramente atestados: o elemento de honra, do prestígio, de mana que confere a riqueza e o da obrigação absoluta de retribuir essas dádivas sob pena de perder esse mana, esta autoridade, esse talismã e esta fonte de riqueza que é a própria autoridade.”
Marcel Mauss. Ensaio sobre a dádiva In: Sociologia e Antropologia, volume II. São Paulo: E.P.U., 1974.