“Cabala significa nada mais do que ‘interpretar’. Conhecer aquilo que não é literal parecerá, a um leigo, como uma mágica, quando é apenas uma leitura que lhe é invisível. Para quem não sabe cifras, arrancar música de uma pauta é surpreendente. Cabala são técnicas de interpretação.
A forma mais básica de fazer isso é pensar por dualidades. A linguagem faz isso com antônimos. Nada ilumina melhor o conceito de ‘gordo’ do que o de ‘magro’. Assim, ‘alto’ e ‘baixo’, ou ‘bom’ e ‘mau’, ‘rico’ e ‘pobre’ se autodefinem e ampliam um o conceito do outro.
Em seu recurso mais elementar, a Cabala faz a mesma coisa apenas aumentando a complexidade, como numa equação de segundo grau. Ela duplica a dualidade e produz uma espécie de ‘tetralidade’. A ideia é que algo possa ser mais bem compreendido se visto em quatro diferentes instâncias capazes de clarificar-se mutuamente. Um exemplo de modelo em quatro estágios são as quatro estações do ano: primavera, verão, outono e inverno.
Na Cabala, essa técnica pode ser ampliada: pode-se ir de um modelo de quatro para outros mais complexos – de sete, 10 ou até 49 dimensões de mundos. Em nosso caso, faremos uso do modelo mais básico, que é o da tetralidade.
Enquanto a dualidade se utiliza de um contrário para produzir seus efeitos, na tetralidade o desafio é encontrar um sistema capaz de decompor um objeto em quatro esferas, as quais poderão lançar luz umas sobre as outras.
E o sistema proposto pela Cabala para quatro dimensões é: a dimensão física, a emocional, a intelectual e a espiritual. Elas permitiriam fracionar uma dada manifestação em seus vários aspectos, ampliando a capacidade de cognição sobre ela. ”
(páginas 12-13)